sexta-feira, 2 de março de 2012

New York, New York

O clássico "New York, New York", composto por John Kander, com letra de Fred Ebb e extraído do filme com o mesmo nome de Martin Scorsese é recriado por Carey Mulligan numa cena maravilhosa de "Vergonha" ("Shame", 2011) de Steve McQueen (no vídeo em cima), que tal como a cena de Liza Minnelli no filme de 1977 também irá ficar na memória do cinema. A interpretação amargurada e visceral de Mulligan, de qualidades vocais absolutamente nada comparadas às de Liza, fez-me recordar a Nova Iorque que visitei em 2010 com o meu JR. A cidade que nunca dorme que se vê neste "Vergonha" do artista plástico inglês McQueen, é a mesma que se vê em "Cisne Negro" ("Black Swan", 2010) de Darren Aronofsky. Estas películas mostram a Nova Iorque que eu próprio vi e vivi, mesmo que por poucos dias... Apesar de ser uma cidade encantadoramente rica, bela, maravilhosa e terrivelmente apaixonante e apaixonada, é também, e na mesma medida, uma cidade fria, vergonhosa, despida e sobretudo desprovida de sentimentos. Esta dualidade de sensações é cortante tal como se pode ver nas imagens em baixo. Do lado esquerdo temos uma cena de "Vergonha", à noite e com o protagonista, Michael Fassbender, vencedor da Taça Volpi para Melhor Actor no Festival de Cinema de Veneza, a enfrentar a câmara como que a desafiar-nos, do lado direito temos "Cisne Negro", de dia com Natalie Portman, vencedora do Óscar de Melhor Actriz Principal com esta sua Nina, de costas voltadas a nós e à sua vida interior.
É difícil não filmar ou fotografar Nova Iorque sem o glamour e o fascínio a que estamos habituados ver em filmes e fotografias. Nas imagens de baixo, tiradas por mim e pelo JR na altura, é fácil ver isso... do lado esquerdo, de dia e com um sol esplendoroso, temos o Chrysler Building na sua imponência e do lado direito, de noite e com todo magia das suas luzes, temos o Palace Theatre na sempre estonteante Broadway.
Nova Iorque não é mais que uma mera cidade como Lisboa, Madrid, Paris ou Londres, que de banal não tem nada, mesmo que não se goste não nos é indiferente. Tem defeitos e qualidades, vidas feitas, desfeitas e refeitas, altos e baixos, "Cheia de encanto e de beleza!". Mas completamente e totalmente dilacerante como os olhares cortantes e desesperados de Carey Mulligan e Michael Fassbender no vídeo em cima.
É favor clicar nas imagens para serem vistas e apreciadas com uma definição e qualidade melhores.

2 comentários:

João Roque disse...

Uma cidade que queria bem conhecer, mas que penso me irá seduzir e desgostar, simultâneamente...

Unknown disse...

Em NY o fascínio e a desilusão andam de mão dada.